Vou começar com era uma vez....não não melhor não! que tal então?! um dia desses igual a todos os outros, eu estava caminhando distraidamente pela calçada desbotada...quando aconteceu pela primeira vez...
Eu vi um pedaço do céu cair, mas isso não era nada comparado a todos os outros problemas que eu tinha. Pensava que nada mais importava, que qualquer coisa poderia acontecer. Entretanto, meu telefone tocou...
pensei em atende-lo mas logo percebi que era o gay do cabelereiro querendo marcar hora no meu consultório, resolvi deixar tocar bastante e não atendi, deveria sim ligar uma loira peituda com roupa de enfermeira, mas naqueles dias frios a unica coisa que me pegava era a maldita gripe..atchim...
Faltavam 2 horas pro meu próximo compromisso, uma velha chata que queria concertar a dentadura...então continuei caminhando...eu olhei para o lado e havia uma loja aberta com um placa dizendo ELES ESTÃO ATRÁS DE VOCÊ...FUJA!...achei sinistro e continuei a caminhar, logo a frente havia outra coisa que me chamou atenção...
Um velho com dentes naturais, reluziam tanto que pareciam aqueles de porcelana que eu vi no ultimo congresso do conselho, se todos cuidassem dos dentes desse jeito, minha classe passaria fome no futuro. quando me viu, escondeu-se atrás do guarda-chuva preto que segurava, um guarda chuva me faria bem nessas horas, mas como eu ainda poderia pensar em guarda chuva, quando além de todos os meus problemas, um pedaço do céu pareceu cair, um Viado tem o numero do meu celular, uma placa falando pra mim ficar esperto e um velho com dentes naturais. Droga mas ainda assim queria um guarda chuva...atchim...essa gripe vai piorar...
Então aparaceu, José Henrique Alpes, antigo dono do Royal Street House... - Olá, Camarada! - disse ele em um tom esquisito. Respondi depois de muito espirrar: Tudo bem, como está sua saúde? a minha não está muito bem... - Ah... você é doutor, não? devia saber se curar. Fiz aquela cara (desagrado): não não, sempre fui dentista, meu irmão Rodney, é que é. José era o tipo de cara sem noção, vivia reclamando da política do país e se gabando das suas ultimas aquisições materiais. Isso me irritava, contudo não tinha capacidade ética de manda-lo tomar no meio do seu cú. Aguentei ele falar durante meia hora, tempo o bastante para esquecer que o céu estava caindo, que a minha gripe estava me prejudicando o olfato e que meus outros problemas estavam prestes a me apanhar. Quando meu querido amigo se foi... pude notar que a noite chegava e a chuva pairava, o som da cidade tinha se acalmado e o cheiro não me incomodava.
Lembrei de uma fato estranho, o que aquela merda de placa queria dizer? Eles quem, estavam atrás de mim?? e por que, deveria fugir??? talvez eu devesse me tornar um dentista falido e paranóico!
Ou casar, ter filhos, cachorro e quem sabe cultivar um jardim, estava longe desses intuitos, desde a faculdade que vivia aquela vida de livros, namoradas estranhas e rodas de amigos, juntos teimavamos em nao envelhecer, mas agora essas coisas estranhas passaram a me incomodar, poderia ser apenas uma fase estranha, um tipo de amadurecimento talvez, mas de fato, meu dia estava estranho, mas dane-se não passa de um dia, apenas um dia, maldito dia...
Peguei então um táxi com a intenção de ir pro meu consultório.Chegando lá minha secretária Angêla, uma mulher muito exótica , que tinha por volta dos 35 anos e uma personalidade difícil me recebeu com aquela voz esganiçada: -Dr.Modesto o senhor está muito atrasado, a Sra.Hortência esta á sua espera na sala ao lado e a Srta. Rita ligou e pediu pra marcar um horário amanhã as 6:00 da tarde tudo bem?! -Ah! completou Angela o Dr. recebeu inúmeras ligações de uma mulher que não quis se identificar, mais deixou um recado que anotei naquele post-it colado em seu computador. Eu pedi pra ela confirmar a consulta da esbelta Sra. Rita e me dirigi para a dentadura da Sra.Hortência ancioso para ler o tal do recado...
- Oi Sr. Hortencia, como vai? falei isso olhando para o Post-it colado no monitor. - Mas que merda! - Ahn? - A desculpe Sr. Hortencia, estava falando comigo mesmo. Respondi sem tirar o olho do Post-it que dizia "ELES ESTÃO ATRAS DE VOCE, FUJA!"
Num momento repleto de ignorância minha, olhei pra atrás. Vi apenas um aparelho de raio-X odontológico e minha mesa. Não consegui fazer a consulta direito, o que poderia significar aquela mensagem?
- Sra. Hortência, já pedi para a senhora escovar melhor a dentadura antes de vir ao consultório. - Ahuu dueh auhshde sjejs (falando de boca cheia) - Sim sim eu sei, mas por favor volte na próxima terça-feira.
A mulher saiu do consultório com um tom de indignação. A televisão da sala de espera estava tão alta, que podia perfeitamente ouvir as noticias. Após muito pensar a respeito das mensagens, decidi que deveria indagar Angêla.
Cheguei próximo da sua mesa, e pela sua cara achei melhor deixar pra amanhã.Então quando ia lhe dizer boa noite o telefone tocou,a secretária me olhou, eu olhei pra ela, olhamos pro telefone...Achei melhor atender. -Deixa que eu atendo Angela, você está dispensada, boa noite! Ela me olhou com sangue nos olhos...mais fez o que mandei. -Alô?eu disse com voz de curioso -Ouça bem o que vou lhe dizer...respondeu uma mulher do outro lado da linha, Suba numa árvore para pegar um peixe nº 42 .Desligou. Eu sinceramente não imaginei se ria ou me descabelava...(embora a calvicie já ter me atingido) então achei melhor ir pra casa ...mais antes passei no lugar de sempre...
Toda a noite, após o expediente, passava no PUB do Aroldo. Lá encontrava todos os tipos de pessoas com todo o tipo de emprego, o que as vezes me deixava um pouco frustrado. Quando era melhor, queria ser astronauta, bombeiro ou traficante. Nunca tentei analisar essas possibilidades de futuro, tão estranhas e distintas.
Mesmo assim, ia todas as noites no PUB, encontrar meus amigos. Lá estava, como sempre, Honre. Ele é um agente da receita federal, daqueles que passam o pente fino nas pessoas. Conversamos durante 10 minutos, mas as duas mensagens que havia recebi ainda me deixava agoniado.
Afinal de contas quem era o miserável metido a espertalhão que estava tentando brincar comigo? Porque esse história só pode ser uma brincadeira, diga-se de passagem muito mal feita..... Mas será o que quer dizer essa vozinha lá bem no fundo das profundezes mais escuras de meu cérebro que me manda sair daki e ir pegar o peixe nº 42 na árvore? Só posso estar ficando louco, devo estar com febre só pode.....
AHAHAHAHAHHAH - Levo um susto com Honre se acabando na risada depois de uma escandaloza e ordinária piada sem graça que acabei nem escutando.... Depois de meia hora e de não tomar e nem conversar incrivelmente nada fui embora....
Na saída um sem teto me aborda com um assunto nao muito agradável....
- Uma moedinha patrão. - Toma. Entreguei a ele as moedas que tinha no bolso. - Obrigado patrão, até mais. - O que você disse? Algo chamou minha atenção mental. - Até mais. Repetiu o esfarrapado senhor. Me retirei pensando alto. - Era isso, isso, "Até mais e Obrigado pelos peixes" um livro do Douglas Adams, isso, isso, o numero 42 a resposta do Universo, no primeiro livro da serie do "Guia do Mochileiro das Galaxias". Fiquei feliz em raciocinar um pouco e tranquilo por perceber que deveria ser brincadeira de algum nerd cabeçudo, ou quem sabe algum antigo amigo da faculdade. Cheguei ao apartamento e dormi bem...
Sonhei que estava andando numa rua vazia e escura...tão escura a ponto de não ver um enorme buraco que havia bem ali...então eu cai no buraco e fui parar numa ilha deserta ensolarada e para minha surpresa quem me esperava lá era a esbelta Srta. Rita, que me acolheu com um sorriso de tirar o fôlego, nós corremos pela trilha de mãos dadas,de repente ela subindo numa árvore com um mini-saia de estourar o zíper da calça...e então para minha surpresa ela desce e me entrega um peixe....eu saio correndo e me escondo atrás de uma bananeira...eis que surge uma aranha gigante carregando um...
...bêbê, já cheio de gosma verde das mandibulas da grande aranha. Peguei o primeiro pedaço de madeira que achei e corri para cima da aranha, com intuito de salvar o bêbê, bati com tanta força que acabei com a aranha, e mais gosma verde saiu do seu interior. Corri e soltei o bebe das suas mandibulas, parecia não estar ferido, afinal ele ria, alias gargalhava, quando olhou pra mim, percebi que tinha meu rosto, olhou pra mim e disse: - Oi Doutor. Acordei...
Ping, ping, ping.... foi por isso que acordei e descobri o mal que pode fazer voce morar no ultimo andar de um predio de 15 andares... goteiras e bem em cima da minha TV, fazer o que? ligo o rádio enquanto tomo banho pra ficar bem cheirosinho para a consulta da Sr. Rita a gostosona peituda que tanto adoro atender!
-Voce não veio entao aguente as consequencias... Foi isso que o locutor repetiu ininterruptamente, antes do rádio emudecer, enquanto eu tomava banho, e agora enrolado em iminha toalha branca ouço boquiaberto o rádio novamente funcionar com o locutor assombrosamente implorando...
zz zhaygzggafzf zgfgzfafz atfzfa (chiado) Desliguei o radio, arrastei a TV e coloquei um balde na goteira. Fui até a geladeira, peguei o leite e escrevi um recado pra mim mesmo, "ligar para o zelador do prédio, GOTEIRAS!" dizia o bilhete.
Com o café passado e o leite sobre a mesa, comecei a tomar meu café da manha, hoje é quinta-feira não teria muitos pacientes para atender. Tentei lembrar dos bilhetes da noite passada, mas o telefone tocou... corri para atender e quando cheguei lá só havia uma mensagem de texto, o que parecia estranho, já que o celular parecia estar tocando.
O SMS vinha de uma fonte desconhecida, para o celular, não para mim. O número era de alguém que não merecia ser lembrado e dizia: me encontre hoje no Gran Bar Danzón (Libertad 1161, Retiro) as 23:00 do horário de Brasilia.
O que isso significava? e onde diabos ficava esse bar? fui até o computador fazer uma pesquisa...
Coloquei o endereço no google e o que apareceu foi que esse bar existiu muito tempo atrás,mais fechou no ano de 1940, agora o que havia no lugar era uma livraria.Em um outro site li no scan de um jornal antigo que o dono do Bar se chamava Oscar Fich, ele tinha sido assassinado no dia 2 de julho de 1940 as 23:00 , mais o assassino não havia sido identificado e a única pistas que eles tinham era que ele tinha deixado cair uma chave com um chaveiro com o nº 42...
Fechei o apartamento e sai para a rua, apesar do sol ter saido ainda existia aquele vento horripilante a me gelar a espinha, quando dobrei a esquina tive que correr pois o ônibos já estava saindo, consegui alcança-lo e por um milagre das profundezas consegui um lugar para sentar ao lado de uma bondosa senhora que acabou me oferecendo um sorriso simpático e acolhedor, ela estava lendo.. Mas o que era aquilo???????? ela estava lendo Gran Bar Danzon de um escritor chamado Oscar Fich e lá no finalzinho da capa uma observação - NÃO ESQUEÇA - .... sabe o que eu fiz?? desci na primeira parada correndo feito uma manada de bufalos errantes com dor de barriga.....
Entrei na primeira livraria que encontrei, a vendedora quando me viu, apressou-se a me atender. - Deseja algo senhor? - Um livro! - Ok senhor, para isso que estamos aqui. - Chama-se Gran Bar Danzon, o autor é Oscar Finch. - Ok, Verificando...Nemhum livro com esse nome e nem mesmo esse autor possui alguem livro nessa livraria, o senhor tem certeza que era isso mesmo? - Sim, claro que tenho certeza. A moça tem experiencia nisso? não conhece esse autor mesmo? eu acabei de ver esse livro nas mãos de uma senhora. - Olha senhor me desculpe, mas sou Literaria a apenas cinco anos, porem os nomes não me parecem serem estranhos. O senhor pode deixar comigo seu telefone e email, que caso encontre a obra procurada entrarei em contato o mais rapido possivel, ok? - Sim, Sim, muito obrigada..olhei para o seu crachá..Senhorita Clara.
Sai da loja tentando imaginar o que isso tudo poderia significar?!resolvi me sentar numa cafeteria, pedir um café e refletir a respeito... A única atendente do lugar me olhou com cara de poucos amigos... -o que você quer aqui? ela perguntou -Ora o que você acha? café expresso e sem açúcar por favor. -Pode sentar daqui a pouco eu levo. Eu até reclamaria do atendimento se não estivesse com a cabeça tão cheia, resolvi ir me sentar e aguardar. Infelizmente meus pensamentos começaram a fluir Ele estava lá diante de mim ... o meu passado me torturando, me lembrando cada pedacinho de dor que já tinha passado ... Quando eu era mais novo morava numa cidade do interior chamada Cachimbo onde tinha meus pais...
Eu, Jorge, Nica e Arlete sempre saiamos a tarde, para fazer trilha na Serra do Cachimbo, próximo a cidade. Ficávamos mais de quatro horas caminhando dentro da mata, aguçados pela nossa curiosidade. Sempre que nos aproximavamos do Rio Ipiranga, não perdíamos a oportunidade de tomar um banho e tentar pescar algum peixe. Foi quando em 3 de setembro de 1989 houve um serio acidente de avião e por sorte ou azar nosso... estávamos ali perto.
Ainda posso lembrar das noticias na televisão: "O piloto fez um pouso forçado no meio da mata, depois que o combustível acabou. Com o impacto do avião contra as árvores, catorze ocupantes morreram e 54 ficaram feridos. Os sobreviventes tiveram de aguardar 40 horas até a chegada das equipes de resgate. A tragédia ficou conhecida, especialmente no meio aeronáutico, como o "acidente do comandante Garcez"."
24 comentarios...:
Eu vi um pedaço do céu cair, mas isso não era nada comparado a todos os outros problemas que eu tinha. Pensava que nada mais importava, que qualquer coisa poderia acontecer. Entretanto, meu telefone tocou...
pensei em atende-lo mas logo percebi que era o gay do cabelereiro querendo marcar hora no meu consultório, resolvi deixar tocar bastante e não atendi, deveria sim ligar uma loira peituda com roupa de enfermeira, mas naqueles dias frios a unica coisa que me pegava era a maldita gripe..atchim...
Faltavam 2 horas pro meu próximo compromisso, uma velha chata que queria concertar a dentadura...então continuei caminhando...eu olhei para o lado e havia uma loja aberta com um placa dizendo ELES ESTÃO ATRÁS DE VOCÊ...FUJA!...achei sinistro e continuei a caminhar, logo a frente havia outra coisa que me chamou atenção...
Um velho com dentes naturais, reluziam tanto que pareciam aqueles de porcelana que eu vi no ultimo congresso do conselho, se todos cuidassem dos dentes desse jeito, minha classe passaria fome no futuro. quando me viu, escondeu-se atrás do guarda-chuva preto que segurava, um guarda chuva me faria bem nessas horas, mas como eu ainda poderia pensar em guarda chuva, quando além de todos os meus problemas, um pedaço do céu pareceu cair, um Viado tem o numero do meu celular, uma placa falando pra mim ficar esperto e um velho com dentes naturais. Droga mas ainda assim queria um guarda chuva...atchim...essa gripe vai piorar...
Então aparaceu, José Henrique Alpes, antigo dono do Royal Street House...
- Olá, Camarada! - disse ele em um tom esquisito.
Respondi depois de muito espirrar: Tudo bem, como está sua saúde? a minha não está muito bem...
- Ah... você é doutor, não? devia saber se curar.
Fiz aquela cara (desagrado): não não, sempre fui dentista, meu irmão Rodney, é que é.
José era o tipo de cara sem noção, vivia reclamando da política do país e se gabando das suas ultimas aquisições materiais. Isso me irritava, contudo não tinha capacidade ética de manda-lo tomar no meio do seu cú.
Aguentei ele falar durante meia hora, tempo o bastante para esquecer que o céu estava caindo, que a minha gripe estava me prejudicando o olfato e que meus outros problemas estavam prestes a me apanhar.
Quando meu querido amigo se foi... pude notar que a noite chegava e a chuva pairava, o som da cidade tinha se acalmado e o cheiro não me incomodava.
Lembrei de uma fato estranho, o que aquela merda de placa queria dizer? Eles quem, estavam atrás de mim?? e por que, deveria fugir??? talvez eu devesse me tornar um dentista falido e paranóico!
Ou casar, ter filhos, cachorro e quem sabe cultivar um jardim, estava longe desses intuitos, desde a faculdade que vivia aquela vida de livros, namoradas estranhas e rodas de amigos, juntos teimavamos em nao envelhecer, mas agora essas coisas estranhas passaram a me incomodar, poderia ser apenas uma fase estranha, um tipo de amadurecimento talvez, mas de fato, meu dia estava estranho, mas dane-se não passa de um dia, apenas um dia, maldito dia...
Peguei então um táxi com a intenção de ir pro meu consultório.Chegando lá minha secretária Angêla, uma mulher muito exótica , que tinha por volta dos 35 anos e uma personalidade difícil me recebeu com aquela voz esganiçada:
-Dr.Modesto o senhor está muito atrasado, a Sra.Hortência esta á sua espera na sala ao lado e a Srta. Rita ligou e pediu pra marcar um horário amanhã as 6:00 da tarde tudo bem?!
-Ah! completou Angela o Dr. recebeu inúmeras ligações de uma mulher que não quis se identificar, mais deixou um recado que anotei naquele post-it colado em seu computador.
Eu pedi pra ela confirmar a consulta da esbelta Sra. Rita e me dirigi para a dentadura da Sra.Hortência ancioso para ler o tal do recado...
- Oi Sr. Hortencia, como vai? falei isso olhando para o Post-it colado no monitor.
- Mas que merda!
- Ahn?
- A desculpe Sr. Hortencia, estava falando comigo mesmo. Respondi sem tirar o olho do Post-it que dizia "ELES ESTÃO ATRAS DE VOCE, FUJA!"
Num momento repleto de ignorância minha, olhei pra atrás. Vi apenas um aparelho de raio-X odontológico e minha mesa. Não consegui fazer a consulta direito, o que poderia significar aquela mensagem?
- Sra. Hortência, já pedi para a senhora escovar melhor a dentadura antes de vir ao consultório.
- Ahuu dueh auhshde sjejs (falando de boca cheia)
- Sim sim eu sei, mas por favor volte na próxima terça-feira.
A mulher saiu do consultório com um tom de indignação. A televisão da sala de espera estava tão alta, que podia perfeitamente ouvir as noticias.
Após muito pensar a respeito das mensagens, decidi que deveria indagar Angêla.
Cheguei próximo da sua mesa, e pela sua cara achei melhor deixar pra amanhã.Então quando ia lhe dizer boa noite o telefone tocou,a secretária me olhou, eu olhei pra ela, olhamos pro telefone...Achei melhor atender.
-Deixa que eu atendo Angela, você está dispensada, boa noite!
Ela me olhou com sangue nos olhos...mais fez o que mandei.
-Alô?eu disse com voz de curioso
-Ouça bem o que vou lhe dizer...respondeu uma mulher do outro lado da linha, Suba numa árvore para pegar um peixe nº 42 .Desligou.
Eu sinceramente não imaginei se ria ou me descabelava...(embora a calvicie já ter me atingido) então achei melhor ir pra casa ...mais antes passei no lugar de sempre...
Toda a noite, após o expediente, passava no PUB do Aroldo. Lá encontrava todos os tipos de pessoas com todo o tipo de emprego, o que as vezes me deixava um pouco frustrado. Quando era melhor, queria ser astronauta, bombeiro ou traficante. Nunca tentei analisar essas possibilidades de futuro, tão estranhas e distintas.
Mesmo assim, ia todas as noites no PUB, encontrar meus amigos. Lá estava, como sempre, Honre. Ele é um agente da receita federal, daqueles que passam o pente fino nas pessoas.
Conversamos durante 10 minutos, mas as duas mensagens que havia recebi ainda me deixava agoniado.
ERRATA - melhor entende-se MENOR
Afinal de contas quem era o miserável metido a espertalhão que estava tentando brincar comigo? Porque esse história só pode ser uma brincadeira, diga-se de passagem muito mal feita..... Mas será o que quer dizer essa vozinha lá bem no fundo das profundezes mais escuras de meu cérebro que me manda sair daki e ir pegar o peixe nº 42 na árvore? Só posso estar ficando louco, devo estar com febre só pode.....
AHAHAHAHAHHAH - Levo um susto com Honre se acabando na risada depois de uma escandaloza e ordinária piada sem graça que acabei nem escutando.... Depois de meia hora e de não tomar e nem conversar incrivelmente nada fui embora....
Na saída um sem teto me aborda com um assunto nao muito agradável....
- Uma moedinha patrão.
- Toma. Entreguei a ele as moedas que tinha no bolso.
- Obrigado patrão, até mais.
- O que você disse? Algo chamou minha atenção mental.
- Até mais. Repetiu o esfarrapado senhor.
Me retirei pensando alto.
- Era isso, isso, "Até mais e Obrigado pelos peixes" um livro do Douglas Adams, isso, isso, o numero 42 a resposta do Universo, no primeiro livro da serie do "Guia do Mochileiro das Galaxias". Fiquei feliz em raciocinar um pouco e tranquilo por perceber que deveria ser brincadeira de algum nerd cabeçudo, ou quem sabe algum antigo amigo da faculdade.
Cheguei ao apartamento e dormi bem...
Sonhei que estava andando numa rua vazia e escura...tão escura a ponto de não ver um enorme buraco que havia bem ali...então eu cai no buraco e fui parar numa ilha deserta ensolarada e para minha surpresa quem me esperava lá era a esbelta Srta. Rita, que me acolheu com um sorriso de tirar o fôlego, nós corremos pela trilha de mãos dadas,de repente ela subindo numa árvore com um mini-saia de estourar o zíper da calça...e então para minha surpresa ela desce e me entrega um peixe....eu saio correndo e me escondo atrás de uma bananeira...eis que surge uma aranha gigante carregando um...
...bêbê, já cheio de gosma verde das mandibulas da grande aranha. Peguei o primeiro pedaço de madeira que achei e corri para cima da aranha, com intuito de salvar o bêbê, bati com tanta força que acabei com a aranha, e mais gosma verde saiu do seu interior. Corri e soltei o bebe das suas mandibulas, parecia não estar ferido, afinal ele ria, alias gargalhava, quando olhou pra mim, percebi que tinha meu rosto, olhou pra mim e disse:
- Oi Doutor.
Acordei...
Ping, ping, ping.... foi por isso que acordei e descobri o mal que pode fazer voce morar no ultimo andar de um predio de 15 andares... goteiras e bem em cima da minha TV, fazer o que? ligo o rádio enquanto tomo banho pra ficar bem cheirosinho para a consulta da Sr. Rita a gostosona peituda que tanto adoro atender!
-Voce não veio entao aguente as consequencias... Foi isso que o locutor repetiu ininterruptamente, antes do rádio emudecer, enquanto eu tomava banho, e agora enrolado em iminha toalha branca ouço boquiaberto o rádio novamente funcionar com o locutor assombrosamente implorando...
zz zhaygzggafzf zgfgzfafz atfzfa (chiado)
Desliguei o radio, arrastei a TV e coloquei um balde na goteira. Fui até a geladeira, peguei o leite e escrevi um recado pra mim mesmo, "ligar para o zelador do prédio, GOTEIRAS!" dizia o bilhete.
Com o café passado e o leite sobre a mesa, comecei a tomar meu café da manha, hoje é quinta-feira não teria muitos pacientes para atender. Tentei lembrar dos bilhetes da noite passada, mas o telefone tocou... corri para atender e quando cheguei lá só havia uma mensagem de texto, o que parecia estranho, já que o celular parecia estar tocando.
O SMS vinha de uma fonte desconhecida, para o celular, não para mim. O número era de alguém que não merecia ser lembrado e dizia: me encontre hoje no Gran Bar Danzón (Libertad 1161, Retiro) as 23:00 do horário de Brasilia.
O que isso significava? e onde diabos ficava esse bar? fui até o computador fazer uma pesquisa...
Coloquei o endereço no google e o que apareceu foi que esse bar existiu muito tempo atrás,mais fechou no ano de 1940, agora o que havia no lugar era uma livraria.Em um outro site li no scan de um jornal antigo que o dono do Bar se chamava Oscar Fich, ele tinha sido assassinado no dia 2 de julho de 1940 as 23:00 , mais o assassino não havia sido identificado e a única pistas que eles tinham era que ele tinha deixado cair uma chave com um chaveiro com o nº 42...
Antes de sair para o já não tão maravilhoso dia, dei uma ultima olhada no espellho, afinal era a Sr. Rita, que eu iria atender.
Fechei o apartamento e sai para a rua, apesar do sol ter saido ainda existia aquele vento horripilante a me gelar a espinha, quando dobrei a esquina tive que correr pois o ônibos já estava saindo, consegui alcança-lo e por um milagre das profundezas consegui um lugar para sentar ao lado de uma bondosa senhora que acabou me oferecendo um sorriso simpático e acolhedor, ela estava lendo.. Mas o que era aquilo???????? ela estava lendo Gran Bar Danzon de um escritor chamado Oscar Fich e lá no finalzinho da capa uma observação - NÃO ESQUEÇA - .... sabe o que eu fiz?? desci na primeira parada correndo feito uma manada de bufalos errantes com dor de barriga.....
Entrei na primeira livraria que encontrei, a vendedora quando me viu, apressou-se a me atender.
- Deseja algo senhor?
- Um livro!
- Ok senhor, para isso que estamos aqui.
- Chama-se Gran Bar Danzon, o autor é Oscar Finch.
- Ok, Verificando...Nemhum livro com esse nome e nem mesmo esse autor possui alguem livro nessa livraria, o senhor tem certeza que era isso mesmo?
- Sim, claro que tenho certeza. A moça tem experiencia nisso? não conhece esse autor mesmo? eu acabei de ver esse livro nas mãos de uma senhora.
- Olha senhor me desculpe, mas sou Literaria a apenas cinco anos, porem os nomes não me parecem serem estranhos. O senhor pode deixar comigo seu telefone e email, que caso encontre a obra procurada entrarei em contato o mais rapido possivel, ok?
- Sim, Sim, muito obrigada..olhei para o seu crachá..Senhorita Clara.
Sai da loja tentando imaginar o que isso tudo poderia significar?!resolvi me sentar numa cafeteria, pedir um café e refletir a respeito...
A única atendente do lugar me olhou com cara de poucos amigos...
-o que você quer aqui? ela perguntou
-Ora o que você acha? café expresso e sem açúcar por favor.
-Pode sentar daqui a pouco eu levo.
Eu até reclamaria do atendimento se não estivesse com a cabeça tão cheia, resolvi ir me sentar e aguardar.
Infelizmente meus pensamentos começaram a fluir Ele estava lá diante de mim ...
o meu passado me torturando, me lembrando cada pedacinho de dor que já tinha passado ...
Quando eu era mais novo morava numa cidade do interior chamada Cachimbo onde tinha meus pais...
criavam patos e gansos.
Eu, Jorge, Nica e Arlete sempre saiamos a tarde, para fazer trilha na Serra do Cachimbo, próximo a cidade. Ficávamos mais de quatro horas caminhando dentro da mata, aguçados pela nossa curiosidade. Sempre que nos aproximavamos do Rio Ipiranga, não perdíamos a oportunidade de tomar um banho e tentar pescar algum peixe. Foi quando em 3 de setembro de 1989 houve um serio acidente de avião e por sorte ou azar nosso... estávamos ali perto.
Ainda posso lembrar das noticias na televisão: "O piloto fez um pouso forçado no meio da mata, depois que o combustível acabou. Com o impacto do avião contra as árvores, catorze ocupantes morreram e 54 ficaram feridos. Os sobreviventes tiveram de aguardar 40 horas até a chegada das equipes de resgate. A tragédia ficou conhecida, especialmente no meio aeronáutico, como o "acidente do comandante Garcez"."
Aquelas 40 horas de espera com os 54 feridos...
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